terça-feira, 19 de janeiro de 2010

PRIMEIRO CAPÍTULO

Lurdes



- Um “Whisky”, por gentileza.

- Sim senhor. Gelo?

- Sim, por favor.

Depois de uma viagem cansativa no avião desconfortável da empresa colombiana de aviação (AVIANCA), lá estava eu, agora mais tranquilo, nas proximidades da cidade antiga de Cartagena das Índias, no bar do Hotel Hilton, com visual retrô-chique e vista para o mar.

Fiquei ali admirando cada detalhe das belas obras de arte que se espalhavam por todas as paredes, ao mesmo tempo em que apreciava um Royal Salut 21 Anos...Um instante de paz e tranquilidade, diferente da minha vida agitada e os diários compromissos profissionais em São Paulo.

- O Senhor é português?

A pergunta vinha do meu lado esquerdo, um homem moreno, tentando puxar conversa no balcão do bar.

- Olá! Tudo bem? Não, sou brasileiro. Estou em uma missão oficial do governo.

- Ah! O Senhor deve fazer parte da comitiva que receberá o Gigante da Microsoft, o milionário Bill Gats.

- Sim! Eu estou na comitiva, mas o evento é daqui a dois dias, por isso, resolvi sair um pouco do quarto, dar uma volta. Depois deste “Whisky” pretendo conhecer um pouco da noite colombiana.

- Muito bem! Temos ótimos cassinos e belas mulheres na Colômbia, especialmente em Cartagena.

- Isso é bom, e o seu nome? Desculpe, não nos apresentamos, sou João Domingues.

- Sou Vicentino Souza, muito prazer!

- O prazer é todo meu.

Senti que aquele homem, assim como eu, estava procurando assunto, mas lembrando o que minha mãe sempre dizia - cuidado com os estranhos - procurei ser mais comedido nos assuntos. Porém, não resisti em perguntar onde seria a melhor festa da cidade.

- O senhor sabe onde é a melhor festa da cidade?

- Oh! Claro que sim! Eu na verdade estou de viajem também, mas já estive nestas terras muitas vezes.

O tal homem falava espanhol, se estava em viagem, deveria ser de outra cidade da Colômbia ou de algum país da América do Sul, pensei eu.

- É mesmo?! E de onde o Senhor é?

- Sou da Venezuela. Conhece a Venezuela?

- Não. Infelizmente ainda não tive a oportunidade de conhecer o seu país.

- Amigo João (risos), você não perdeu grande coisa. Posso te chamar de você, suponho.

- Claro, fique a vontade.

- Meu país é muito pobre e os governos por lá não são o que podemos chamar de maravilha.

Aos poucos fui percebendo que se tratava de uma pessoa simpática e que uma boa conversa não iria representar qualquer tipo de perigo.

- Bem, vou ao quarto me arrumar um pouco e em alguns minutos desço para dar um passeio. O senhor está sozinho, gostaria de dar uma volta? Seria bom ter a companhia de alguém que conhecesse cidade.

- Claro, vamos sim, eu vou ficar por aqui e lhe aguardo.

- O senhor...

- Vicentino, me chame de Vicentino.

- Desculpe-me. Vicentino, você está hospedado no hotel?

- Não estou, mas sou frequentador de sse bar, sempre venho aqui.

O homem se aproximou bem perto do meu ouvido e falou:

- Normalmente vem umas “chicas” lindas aqui e eu fico só de olho. Às vezes, algum peixe cai na rede! (risos)!

- Está bem, eu já volto, é só o tempo de me ajeitar um pouco.

- Tudo bem fique a vontade, a noite é grande! (risos)

Subi para o quarto ainda um pouco desconfiado. O tipo tinha um jeito estranho, mas também era divertido e simpático. Afinal, o que aquele homem me faria, não era tão forte assim e pelo que vi não tinha arma. De qualquer forma, seria um bom guia, pois eu não conhecia nada em Cartagena. Talvez, mais perigoso fosse andar sozinho em um lugar que nunca estive antes. Meu quarto era realmente fantástico, beirava o absurdo, o conhecido Hotel Hilton oferecia serviços cinco estrelas e mais de 341 apartamentos, mas mesmo com tudo isso era um quarto de hotel e a liberdade não cabe com certeza em um quarto, por melhor que ele seja. Tomei um banho rápido, coloquei uma calça e uma camisa, calcei um sapato e dei adeus ao quarto magnífico. Passei na recepção, onde havia uma gerente linda, uma verdadeira colombiana, dessas que costumamos ver em desfiles de Miss Mundo. Entreguei o cartão do meu quarto e recebi um gentil agradecimento transformado em um sorriso encantador. Tratar bem aos hospedes é uma das exigências de um hotel cinco estrelas e o sorriso da moça fazia parte desse pacote. Dirigi-me ao requintado bar e lá estava o homem que a pouco havia conhecido. Notei que uma mulher, agora, estava em sua companhia.

- Olá! Demorei?

- Não, de forma alguma. Essa é Lurdes. Lurdes esse é João, o brasileiro que te falava há pouco.

- Encantada!

- Igualmente! Realmente você é a prova que as mulheres colombianas justificam a fama de as mais lindas do mundo.

- Olha só, o amigo brasileiro é um galanteador! (risos)

- Por favor, Vicentino, desculpe, é que realmente sua companheira é muito elegante.

- Sem problemas João! Lurdes é uma velha amiga, somos uma espécie de sócios aqui em Cartagena.

Esse era o momento que eu precisava para saber um pouco mais daquele homem que acabara de conhecer.


- É mesmo e que tipo de sociedade, opa... me desculpe, não quero ser intrometido, é que sei lá... curiosidade apenas.


- Tudo bem, ah... seu nome mesmo?

- João, João Domingues.

- Ah sim, João, eu e o Vicentino trabalhamos com importação e exportação.

- Puxa vida, deve ser muito bom, muitas viagens e grandes negócios.

- Sim, mas as viagens ficam mais por conta da Lurdes, eu gosto mesmo é de ficar pelo meu país, a Colômbia já é o meu país do coração.

Mais uma vez o homem se aproximou do

meu ouvido e disse:

- Ela está na sua mão, vai fundo brasileiro.


Fiquei olhando para aquela mulher, linda, bem vestida, diferente do sócio, o tal Vicentino que havia conhecido há instantes. Ela tinha algo de místico, ou melhor, misterioso. Aos pouco, percebi que ela realmente se insinuava, mas sempre mantendo a elegância e total discrição.

- Bem, vamos então Vicentino, eu não sei se a Lurdes quer nos acompanhar.

- Com certeza, Lurdes, por favor não nos faça essa desfeita, hoje somos os guias do João, ele nunca esteve em Cartagena e

sua companhia com certeza irá abrilhantar esse passeio pela velha cidade de Las Índias.

- Vicentino, eu gostaria muito, mas não quero atrapalhar, afinal vocês são homens, devem querer ir a lugares que não seria muito conveniente a minha presença.

- Não, por favor, vamos apenas jantar e conhecer algum cassino, nada além disso, será um prazer que nos acompanhe.

- Sei que brasileiro é bem direto, sendo assim, vou aceitar, mas o roteiro fica por conta do Vicentino, ele é um ótimo guia, conhece os melhores restaurantes e cassinos.

- Ótimo, então vamos! Artega!

- Sim, senhor Vicentino.

- Chame um táxi e coloque as bebidas na minha conta.

- Por favor, Vicentino, coloque na conta no quarto 321, faço questão.

- De jeito nenhum! Artega coloque na minha conta.

- Sim senhor.

- Olha se vocês continuarem brigando para ver quem paga a conta vamos perder a noite.

- João, a Lurdes tem razão, as mulheres na verdade sempre tem razão. Colocamos na minha conta e pronto. Vamos embora, pois o táxi já chegou.

Cada vez eu me sentia mais tranquilo com o casal desconhecido e aos poucos fui adquirindo confiança mesmo sem saber quem era aquela dupla, sócios, seja lá o que fossem. O Hotel era cercado de militares por todos os lados. As FARC costumavam sequestrar turistas para obter barganha com o governo Colombiano. O presidente Álvaro Uribe* manteve uma margem de popularidade acima dos 95%, com iguais margens de aprovação de sua gestão, dada sua política de segurança contra as FARC. O evento da Microsoft era uma tentativa de mostrar que a Colômbia controlava a guerrilha e que estava segura para receber qualquer Chefe de Estado sem problemas maiores. Na verdade, não era bem assim, pois a guerrilha ainda dominava boa parte do país, mesmo com a política de segurança de Uribe.

- Vamos João, entre ai atrás com a Lurdes e eu vou à frente, afinal sou o guia.

- Tudo bem, mas já quero informar que pelo menos o táxi eu pago.

- Ok, então já me dá cinco dólares.

- Certo, mas como sabe que serão apenas cinco dólares?

- Lurdes fale para o João.


- Bem, vamos ao primeiro ensinamento. Em Cartagena o táxi sempre é cinco dólares, não importa se você andar uma ouvinte quadras.


- Que interessante, bem que em São Paulo poderia ser assim.


Assim, o táxi entrou em movimento e Vicentino colocou uma música caribenha, enquanto isso, eu e Lurdes trocávamos assuntos no banco de trás do BMW confortável. Vicentino parecia em outro planeta escutando o cantor Hugo Fernandes a todo volume.

- Você mora em São Paulo?

- Não propriamente dito, mas passo muito tempo lá. Sou de Salvador, conhece?

- Sim, estive em Salvador no ano passado, fui a um Congresso Internacional de empresas de fumo, charutos.

- Legal! Ouvi falar que aqui na Colômbia tem ótimos charutos.

- Estamos no Caribe, aqui, Porto Rico, Cuba, são os melhores do mundo, afinal temos mais de 450 anos de cultura.

- Como assim?

- Cartagena tem mais de 450 anos.

- Está brincando, tudo isso?

- Sim, é uma das cidades mais antigas da América do Sul, daqui a pouco você vai conhecer a cidade antiga, ela fica dentro de um forte feito de pedras. Guias turísticos contam que, à noite, as rumbas e as salsas fazem a festa na cidade histórica. Acordam os fantasmas, despertam de seu sono, piratas, nobres espanhóis e mulheres com mantilhas de renda preta, talvez dancem os ritmos caribenhos, confundidos com os turistas, misturados ao povo.- Esta cidade está me deixando encantado com todas essas histórias.

- A cidade está dividida entre o lado moderno e o histórico, todo cercado por uma muralha de 8 km, construída pelos espanhóis, em 1586, como proteção contra piratas, corsários e exércitos inimigos. A construção da muralha contou, inicialmente, com o trabalho escravo dos índios; depois, com a mão-de-obra dos negros trazidos da África. De cima da muralha, é possível ver o Mar do Caribe. É divino, principalmente à noite.

- Lurdes, por acaso isso é um convite?

- Vamos ver, temos uma noite inteirinha pela frente, quem sabe, em Cartagena tudo é possível.


No caminho entre uma conversa e outra com Lurdes, ficava olhando pela janela do táxi e pensando como poderia estar ali, em uma cidade de quase quinhentos anos, em companhia de uma bela mulher e um homem, ambos totalmente desconhecidos pra mim. Já quase discretamente agarrando a mão de Lurdes, lembrei de minha esposa Fernanda que ficara em Ilhéus com meu filho, meu pequeno Thiago. Não sei por que nessas horas que antecedem esses atos festeiros, sempre nos lembramos da família.

Linda sua camisa! Estilosa! (risos)

- Gostou? É Calvin Klein, comprei na minha última viagem a Londres.

- Londres, bela cidade!- Você conhece?

- Eu... depois continuamos!

- Amigos, chegamos, primeira parada em homenagem ao brasileiro, vamos jantar no restaurante El Mar de Juan, a melhor lagosta de Cartagena das Índias

- Cuidado!

- O que é isso, alguém nos bateu!

-Você está maluco, não sabe dirigir? Olha o que você fez no meu táxi! (Disse o taxista)

- Vicentino o que vamos fazer?

- Fique calmo brasileiro. Ei, vou pagar a conta, você fica aí e se acerta com o outro motorista, certo?

- Desculpa Senhor, mas esse louco me bateu! Claro, podem ir, deixe os cinco dólares aí no banco.

- Tudo bem! Já passou o susto, João agora está tudo bem, como você pode ver a noite promete muitas aventuras, que ainda estão pra vir.

- Espero que sejam aventuras mais calmas, não quero morrer longe do Brasil. (risos)

- Lurdes, você já falou para o João que Cartagena tem fantasmas, piratas e espanhóis à noite?

- Sim, estava falando para ele no táxi, enquanto você escutava seu som caribenho.

- Pobre taxista teve um prejuízo, não irá receber nunca mais. Vocês viram a fubica do cara que bateu na BMW? Está ferrado o nosso amigo taxista.

- Mas a BMW deve ter seguro.

- Sim, pode ser que tenha. Vamos! O restaurante ainda tem mesas vagas.

- Boa noite senhores, boa noite senhora! Acompanhem-me, por favor.

- Metre, eu quero a melhor Lagosta, nosso amigo brasileiro está aqui pela primeira vez em Cartagena.

- Pare de dizer a todos, Vicentino, que ele está aqui pela primeira vez, que coisa sem sentido.

- Tudo bem Lurdes! Ele tem razão, estou aqui pela primeira vez mesmo.

- A Lurdes é assim mesmo, não da bola João, ela adora implicar comigo. (risos)

Embora eles dissessem que nada tinham um com o outro, pareciam muito unidos, a todo instante com picuinhas como as de um casal que já vive a tempos junto, mas ao mesmo tempo, não conseguia imaginar um mulher linda e sofisticada com alguém como o Vicentino, barba por fazer, roupas sem combinação nenhuma e um estilo quase beirando a cafetão carioca.

- Senhor a carta de vinhos.

- Sim, isso era o que faltava, deixe-me ver. Ah! Que falta de educação a minha, por favor, João escolha você.

- Não, fique a vontade, escolha você, gosto de vinhos, mas não sou conhecedor dos melhores.

- E você Lurdes, quer indicar algum?

- Vicentino, por favor, mesmo que eu indicasse, você me convenceria que sua escolha é a melhor, sendo assim, escolha você!

- Certo! Vamos ver... que tal um Petrus Francês, sete mil dólares, não está tão caro.

- Quanto?!

- Brincadeira João! (risos) Mas é um ótimo vinho.

- Com esse preço tem que ser mesmo.

- Concordo Lurdes, deve ser um dos vinhos tomados pelos Senadores no meu Brasil. (risos)

- Fique tranquilo amigo João, aqui na Colômbia não é diferente, nossos políticos também fazem coisas que até Deus duvida.

- Por que está na Colômbia então Vicentino?

- Ao contrário do que muitos pensam, a corrupção gera empregos e nos dá trabalho e negócios.

- No Brasil, não concordamos muito c

om isso, a corrupção destrói o povo e termina com a economia de um país.

- É mesmo?

- Sim, claro!

- Então me diz, no Brasil não tem corrupção?

- Sim, tem muita, mas sabemos que é errado, nos envergonhamos por tal ato.

- Agora me fala, qual é a maior economia da América do Sul?

- Brasil. No momento, acredito que somos uma das maiores economias.

- E aí! Tem corrupção e ainda assim é a maior economia!

- Não sei como, mas de certa forma ele me deixou sem resposta. Rapidamente troquei de assunto, mas conheci um pouco mais de Vicentino e seus possíveis negócios com a Lurdes.

- E o vinho, escolheu? Só não vale brasileiro! (risos)

- Sim, chileno Don Elias, esse é bom.

- Assim como no Brasil. Vira e mexe acabamos nos chilenos, porém, o fato é que realmente são muito bons.

- Por mim qualquer um. Nos mulheres, gostamos mesmo é de beber um bom vinho, mas não me importo de onde vem, só tem que vir! (risos)

Aos poucos estávamos mais íntimos, mais descontraídos, o vinho, a lagosta, tudo contribuía para que aquele encontro se tornasse gostoso. Já não éramos tão desconhecidos, falei da minha cidade, meu trabalho, meus defeitos e minhas qualidades. Fiquei também escutando histórias engraçadas de ambos, viagens, mas tanto eu quanto eles nunca nos referimos às nossas famílias. Na verdade, família é algo muito pessoal, talvez por isso, não fez parte das conversas da mesa. Quanto eu mais tomava o vinho chileno, mais linda ficava a Lurdes, era um namoro suave, trocávamos olhares em meio as histórias do Vicentino.

- Alguma coisa está tocando.

- Ah! Meu celular, um momento, vou a tender e já retorno.

- Alô!, Alô! Querida, oi!

- Oi querido, estou tentando ligar há horas para você!

- Perdoe-me querida, tentei ligar quando cheguei, mas os telefones do Hotel estavam horríveis.

- Querido, fiquei preocupada, sei lá, não conheço nada da Colômbia, mas todos falam que é perigoso, onde você está?

- Eu, eu... na verdade estou em um restaurante. É... bem, conheci umas pessoas, é... no Hotel, na verdade é um casal, eles são venezuelanos, mas têm negócios aqui na Colômbia.

- É mesmo, que bom querido fico mais tranquila sabendo que você tem alguém para andar junto, não gosto da ideia de você andar sozinho por aí.

- Tudo bem querida, e o Thiago? Como está o meu garoto?

- Ele está bem, foi para a casa da avó, pois estou escrevendo o livro e preferi ficar só. Não consigo sair do capítulo das torres, sabe aquele que você me deu umas ideias, das duas moças envolvidas no golpe?

- (risos) Sei sim meu amor, mas você é uma ótima escritora, vai se sair bem, tenho certeza. Veja bem, em dois dias começará o Fórum da Microsoft, enquanto isso vou conhecer a cidade, mas já deu para ver que é linda, quem sabe um dia podemos vir juntos a Cartagena! Que tal?

- Tudo bem, senhor viajador! (risos) Falamos disso depois, tenho que continuar o livro, apenas liguei pra saber se você estava bem, qualquer coisa manda e-mail, me liga, sei lá, qualquer coisa ok?

- Está bem minha escritora favorita! (risos) Eu ligo sim, mas fique tranquila, estou bem. Beijo, te amo, manda um beijo para o Thiago quando falares com ele.

- Ah! Antes que eu esqueça te ligaram do Governo, um tal de Alberto, ele disse que vai te mandar um e-mail. Também te amo amor, te cuida, vou estar te esperando. Saudades!

- Tudo bem ele estava de férias não sabe da viagem. Vou desligar, beijos a todos por ai.

Desliguei o telefone e segui para a mesa, um pouco desencantado com o momento, acabara de ouvir um te amo, e já não sabia se seria certo dar continuidade às trocas de olhares com Lurdes, por outro lado, estava um pouco confuso, pois, de qualquer forma eu nunca mais a veria mesmo, uma aventura não teria riscos.

- E ai João, negócios, “Business”? (risos).

- Sim, sim. Era o Ministro passando algumas orientações sobre a reunião que teremos no Fórum de Líderes de Governo das Américas. O Brasil vai tratar especificamente de dois projetos, o Programa de Oportunidades de Emprego através da Tecnologia nas Américas (Poeta) e a Aliança pela Educação.

- Que “Bueno”, e você com que trabalha no Brasil?

- Trabalho no Governo Federal, por isso estou aqui neste evento representando o Ministro da Educação. Ele está na Espanha e me pediu para representá-lo.

- Você é político então? Por isso ficou chocado quando falei dos políticos. (risos)Perdoe-me eu não sabia. Veja Lurdes, temos um político na mesa! (risos)

- Não, não. De forma alguma, sou indicado para o cargo mas não são só políticos que fazem as indicações, eu não tenho partido, sou independente e continuo o meu trabalho com qualquer partido que estiver no governo.

-Vicentino, vamos falar de coisas boas, João quer relaxar, deve trabalhar todo ano, este é um momento de alegria, vamos falar da cidade, dos nossos escritores. Conhece Gabriel José García Márquez*?

- Lá vem a Lurdes com seus livros! (risos)

- Sim conheço, li várias obras, todas são maravilhosas, mas uma que em especial me emocionou muito foi "O Veneno da Madrugada". No Brasil ele ficou muito conhecido com o livro "Memórias de Minhas Putas Tristes".

- Essa é boa, muito boa, quero ler esse livro Lurdes! (risos)

- Vicentino, pelo amor de Deus, não seja chulo.

- Tudo bem Lurdes, Vicentino está certo, quem sabe falamos de festa, fantasmas...

- Quem sabe vamos para um cassino. Isso sim é vida! (risos) Muitas máquinas caça-níqueis, mesas de jogo, como black jack e pôquer que particularmente são os meus preferidos.

- Perfeito, vamos ao cassino. Gostei da ideia Vicentino! Lurdes nos acompanha?

- Sim! Não tem outro jeito, já estou no inferno com os diabos, agora tenho que ir. (risos)

- Só um minuto, quero a atenção dos dois. Essa conta eu vou pagar estamos entendidos?

- João vamos fazer o seguinte, você paga a festa, as bebidas, tudo no Cassino e eu e a Lurdes pagamos aqui, combinado?

- Está bem! Mas desse jeito estou ficando constrangido. Sei lá, vocês estão pagando tudo. Não acho isso certo!

- Nada disso! O táxi foi você quem pagou, lembra?! Você deu o dinheiro para o Vicentino. (risos)

- Senhor! Senhor! A conta.- Pois não! Já lhe trago. Cartão ou dinheiro?

- Dinheiro, não uso cartão, são uns ladrões, juros enormes, meu dinheiro valoriza mais na minha carteira.

- Vicentino! Você sempre tem que fazer um carnaval em tudo, paga o garçom e pronto, não se faz necessário dizer que você não gosta disso não concorda com aquilo. Chega com essa ladainha!

- Fique tranquila Lurdes, o Vicentino é comunicativo, se não fosse assim, não estaríamos juntos aqui, foi ele que puxou assunto comigo no hall do Hotel.

- Não me diga, é mesmo, foi ele, não acredito nisso! (risos)

*O escritor Gabriel José García Márquez nasceu em Aracataca - Colômbia, e foi criado na casa de seus avós maternos, que iriam influenciar o futuro literato com as histórias que contavam. O avô, coronel Nicolas Márquez, veterano da guerra civil colombiana (1899-1902), narrava-lhe suas aventuras militares, e a avó, Tranquilina Iguarán, relatava fábulas e lendas

que transmitiam sua visão mágica e supersticiosa da realidade.García Márquez, ou simplesmente Gabo, completou os primeiros estudos em Barranquilla e Zipaquirá, onde teve um professor de literatura, Carlos Julia Calderón Hermida, que desempenhou papel marcante em sua decisão de se tornar um escritor e a quem dedicaria seu romance "O Enterro do Diabo" (1955). Por insistência dos pais, Márquez chegou a iniciar o curso de direito na Universidade Nacional, em Bogotá, mas logo enveredou para o jornalismo, assumindo uma coluna diária no recém-fundado jornal "El Universal". Nunca se graduou.


*Uribe foi eleito presidente de Colômbia para o período 2002 - 2006, com 53% do total de votos, uma grande vantagem sobre o seu principal concorrente, Horacio Serpa. Ele é o primeiro presidente a ganhar as eleições em primeiro turno desde que se instaurou a medida na Constitui

ção de 1991. Acredita-se que seu grande trunfo nas eleições foi ter sido o principal opositor das fracassadas políticas de negociação com as FARC pelo presidente antecessor .


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